Antério Mânica, condenado por ser um dos mandantes da Chacina de Unaí, morreu na madrugada desta quinta-feira (15), em Brasília, aos 77 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, onde sofreu uma queda, no início de abril, teve traumatismo craniano e precisou passar por uma cirurgia de emergência.
Mânica também fazia tratamento contra um câncer no pâncreas, tinha diabetes e pressão alta.
Em 2015, o fazendeiro e ex-prefeito de Unaí, no Noroeste de Minas Gerais, foi condenado a 100 anos de prisão por mandar matar três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista que estava com as vítimas. Já em 2018, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a sentença e determinou novo julgamento.
Em 2022, Antério Mânica foi condenado a 64 anos de prisão por quádruplo homicídio triplamente qualificado e conseguiu o direito a recorrer em liberdade.
Em 2023, a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) aumentou para 89 anos a pena de Mânica e determinou a execução imediata da prisão. Por motivos de saúde, ele conseguiu cumprir a pena em regime domiciliar.
Chacina de Unaí
O crime conhecido como a Chacina de Unaí ocorreu no dia 28 de janeiro de 2004, quando agentes do Ministério do Trabalho fiscalizavam propriedades na zona rural da cidade. Em função dos assassinatos, o Ministério do Trabalho e Emprego declarou a data como o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho e Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.
A investigação apontou que o grupo mirava denúncias de exploração de trabalhadores na região, o que teria motivado o ataque. O alvo dos criminosos seria apenas um dos fiscais, mas todos que estavam no local acabaram sendo mortos. São eles os fiscais do trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira.
Nove pessoas foram indiciadas como mandantes, intermediárias e executoras do crime. Entenda a participação de cada um deles, segundo a investigação:
Os auditores do trabalho faziam operação de fiscalização em Unaí (município do noroeste de Minas Gerais, a 166 km de Brasília). Acabaram assassinados por Rogério Alan Rocha Rios e Erinaldo de Vasconcelos Silva. William Gomes de Miranda foi contratado para dirigir o carro usado no crime. Os três foram condenados e presos.
- Humberto Alves dos Santos, contratado para destruir provas, teve o crime pelo qual foi acusado prescrito e está em liberdade desde 2010.
- Os irmãos Antério Mânica, que era prefeito da cidade, e Norberto Mânica foram condenados como os mandantes do crime. Antero cumpria prisão em regime domiciliar até a sua morte. Norberto ficou foragido até ser preso em janeiro de 2025.
- O empresário Hugo Alves Pimenta e o fazendeiro José Alberto de Castro participaram do planejamento e da intermediação para a execução do crime.
- Francisco Helder Pinheiro respondeu por três homicídios; contratou os atiradores três homens e acompanhou a execução. Cumpria pena de prisão em regime semiaberto quando morreu, em 2013, após um AVC.
FONTE: BHAZ